quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Amor, pretérito-mais-que-perfeito
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Roteiro de Escárnio
Mantive dois reféns com as mãos para o alto. Desabou-se muitos santos, rezas. Nada trouxe a chuva. Como queria acreditar numa mentira qualquer. Há diferença entre mentira e fantasia. Fantasia é a pura visão do ideal de uma realidade não acontecida. Já a mentira não, traiçoeira segue lenta, boca suja. Face negra da falta de verdade.
Distância sempre houve. A vontade mesmo era de bater na sua porta e entrar sem convite. Amor acontece mesmo, quebremos um pouco a etiqueta pomposa. "Sua boca anda oca, minha língua anda à míngua". Não, esquece. Já não penso nisso mais. Pelo menos assim acho que consigo.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Seu mesmo diálogo
-Teve-o nas mãos e de longe nada poderás fazer. Pois não dizes o que senti e não senti o que dizes, talvez a vaidade da mais bela das vaidades, aquela constante de calar-si.
-Boca absurda! Insiste em cuspir palavras que seguem a seco a loucura que não foi. Contente-se em ir até onde pode ser ouvida.
-E por que vós tendes de cultivar a poeira dos pés? Apareces diante dos olhos e o que fazes é consentir em abafar-me?
-Cale-se. Tu és apenas uma voz.
-E tu apenas um corpo fechado sem própria vontade no vácuo de seus desejos. Surdos do grito de dor e do riso de prazer. Presos aos pés indagados na interrogativa duvidosa e perdida de uma quase certeza.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Sujeito Oculto
O sentido implícito do objeto direto: existia uma flor. Na verdade o complemento do verbo não foi claro. Oculto o verdadeiro sentido. Certo, manteremos a transparência. Sujeito simples. Ele ama. Difícil de interpretar. Seria um problema de caligrafia? O silêncio ensurdece o cego de coração e mudo de palavras impalpáveis. Um paradoxo pouco controverso.
Procure um substantivo que acuse este desprovido solitário. Não qualquer um. Sejamos corretos. Um substantivo abstrato que nomeie um sentimento que dependente de outro. Seria estranho se plagiássemos Narciso. Então não caberia um substantivo concreto, que vem a ser próprio. Ele se apaixonou por seu reflexo. Não houve outro.
Na classificação de pronomes que identifique o sujeito, a pluralidade se faz singular. Teu possessivo jeito de não aceitar o demonstrativo, esta flor. A morfologia de um mais um pronome indefinido, vagamente a tal senhoria. Isso nos leva a um relativo comum, do qual há ausência de relativo comum.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Equívocos
Estampam a mais pura e inocente beleza de coisas esdrúxula. Feias e mais horrores. Escondem-se e colocam em evidências as convergências e deficiências alheias dos olhos estrábicos.
São geralmente, esquizofrênicas e serenas de plenitude mística de um mesmo coletivo em andamento. Preocupam-se em parecer humildes, mas carrega a grande sombra da empáfia de tudo isso e pouco mais. Ainda, soma valores, subtrai valores. Multiplica e divide-se em muitas faces confusas de um só enredo.
Tudo isso nos faz concluir que: o maior vilão não é aquele que se alto intitula por suas malvadezas profundas. Destrói e desconstrói uma realidade afim de seus desejos, apagam estrelas, queimam poemas e matam a esperança.
Nem o protagonista poliano que bilha em vitalidade e prolifera a bondade para as pessoas, aos veados que brincam no bosque e as borboletas que sobrevoam as flores perfumadas no campo a luz sol amarelo.
Contudo, culpemos os imparciais que aparecem inicialmente como figurantes, mas são os verdadeiros personagens antológicos. Não se assumem como antas, dizem sim e movimentam com a cabeça o não. Assim caracterizando o grande equívoco de sua própria existência. Protesto!
Transição
Reforma física. Mudam cabelos, muda-se a face. Aumentou a libido. Um, dois, três corpos. Cresceu em demasia que devorou olhos a secar friamente o que outrora precisava.
Nada se prendia em nada. Era novo. Não se conhecia diante do espelho. Questionou memória, consumiu lembranças. Desconstruiu seus membros. Bebeu um gole seco de amargura. Compreendeu o desequilíbrio que sofria por excesso de equilíbrio.
Impaciência
Deixe-o ir. Segure a maçaneta e abra a porta. Como se fazer com tanto descontentamento? Há uma receita para isso ao fim do livro se o ler até lá. Gosto sim do dilúvio de palavras e expressões, mas que valor se atribui se os motivos que uma hora me prendiam agora me desmotivam.
Não me preocupo com a imagem imperfeita, talvez insignificante que causo. Conheço valores e busco definir outros ainda em formação. O ser humano, complexo de sistemas, tecidos células. Ignorante a ponto de não saber a razão de sua razão.
Sigo de maneira fiel o conceito progenitor de outros. Seus descendentes não são totalmente sacrificados. Livros são divididos em capítulos com muitos títulos e subtítulos que o formam, enumerados de acordo com seu grau de coerência.
O que vem depois sempre será consequência. E neste caso o que se antecedeu são meus maiores feitos e junto a estes permanecerei. Há três ângulos de 120º que em paralelo formam um polígono de base reta. Existe uma limitação e este é o meu limite.
Dês
Ainda sobre vocábulos dês, designa que por vontade própria não foi, ou se foi, foi sozinho. Desamor. Devia o destino desenhar simetricamente o óbvio, assim como desamarrar os sapatos. Pouparíamos o descompasso desordenado de pernas desaceleradas.
De fato, o homem segue com sua mala. Deselegantemente, sem preocupar-se com o seu desafeto a outro, ao menos uma desavença que condiz que em algum momento, mesmo discordando do desacerto de um desconhecido, importou-se.
sábado, 31 de outubro de 2009
Cartão Postal
De noite, senta-se e escreve num postal tudo. Apoiado pelos cotovelos pensa em achar aquilo que lhe foi perdido, havia tomado distância grande do pequeno mal que carregava. Distância, de si mesmo. Enganou-se. A imperfeição do que lhe parecia perfeito alojou-se em seus órgãos. Rins, fígado e coração.
Amor sem fim, cruel aquele que o tem. Tão puro e doce se o ver de fora. Indigesto em meio à ânsia de um sonho inútil. Disperso sem precisão. Não era a hora! Começou sozinho aquilo que devia ser feito a dois. Egoísta incompreendido.
Não havia como se defender. Fugir para longe é comprimir o que se tem diante da face e guardar no bolso. Bastasse o que já tinha. Aos seus olhos, tudo era preto e branco. Surpresa foi ver ao longe o cinza.
Estúpido sentimento. Complexo aos seus ouvidos. Pesado para levar nas mãos. E que o fez voltar em si e muitas vezes contradizer-se. Correr desconjuntado sem trajeto. Nada saía de seus punhos. Já não podia escrever. Selou, enviando sem destinatário a lugar algum.
O desejo o consumia ao poucos. Lentamente como um veneno fatal a circular pelas veias. O ritmo da respiração embala o canto sereno da morte. Seria mais um cadáver estirado contra parede, na confusão de seus próprios sentidos. Fazia frio. Morreu de amor.
Love song for you
Quadros e porta-retratos
E o vazio sempre me acompanha
Eu sentado ao pé da cama
Manda notícia
Me telefona
Conta como foi o seu dia.
Conta como foi mais um dia, amor.
Explica porque você me deixou
Manda embora, mate as horas
Fogo e Vazio
Sentado em uma fila qualquer, em uma sala clara e alienante, defronte a muitos princípios duvidosos, estou eu voando alto em busca de consolidar-me com um grande amor.
O silêncio tomava conta de minha mente. Vagava o tempo em sua rotina redundante. Algo me prende atenção. Percebo que não estou só. Há alguém ao meu lado. Ela era linda. Subitamente, remeto meu olhar em sua direção. Seus longos cabelos, seu cheiro me encantaram. Como não a vi antes? Sorrio. Em resposta, recebo um simples olhar de quem deseja estar em outro lugar.
Surpreso, abaixo a cabeça. De certo aquilo me incomodou, mais deixei de lado. Ainda sobre efeito de emoção, tentei envolver-me com aquele ser frio e seco. Sua beleza era grande, mas sua expressão era provocativa transpareciam outra pessoa. Talvez para refugiar sua solidão.
Aproximei dela e toquei suas mãos. Nesse momento, a sala fria e vazia, encheu-se de calor como a chama de uma vela. Ela me seduzia. Parecia que derramava pelo toque de seu perfume a vontade de ser minha. Meu peito latejava. Tinha necessidade de conquistá-la. Era atraído como um imã. Senti bufar de excitação.
Quando de repente, fui atirado contra a parede. Pude perceber sua respiração ofegante sobre meus ouvidos. Achei que ela correspondia minha tentação ardente em ter em meus braços, pois nasci e nunca vi uma mulher. Eu delirava. Deitamos e fizemos como primatas que se devoram rapidamente e extinguem a vontade.
Abril, 2007.
sábado, 17 de outubro de 2009
Carpos, metacarpos e dedos -Misi-èn-scene
Diante das mãos, estão muitas faces. O que carregam? Verdades, uma centena delas. A representação suja e exposta contra luz. Minutos antes, confundem-se todos os pensamentos escusos, secreções e demais dejetos. Não há como voltar, já somos sombras de um imenso palco.
O toque minucioso ao fundo em outra língua embala para que todos se proclamem espectadores. Entre tudo que as mãos se apóiam, os dedos envolvem e as palmas asseguram.
Desconcertado
O dia insiste em ser frio acompanhado de uma chuva fina sobre o asfalto cinza. O sorriso foi desmanchado. A casa está no chão. Não houve porta que se fechasse, palavra que confortasse ou mesmo algum principio que controlasse a tortura das mãos tremulas. Faltou chão aos pés.
O herói de infância não veio. O relógio não parou e já não se pode mais atrasar as horas. A chave foi roubada. E a dama negra festeja mais uma vitima julgada a um regime injusto sem qualquer tipo de lei que revogue a sentença. Logo, todos diante da face pálida são mártires que lamentam o ocorrido. Foi o que aconteceu.
Uns Versos
Que o tempo consome memória?
Que a memória não é escrita?
Mais 365 dias.
Uns Versos
Na TV o clipe da Amy
Sob a estante aquele retrato
Amigos, meus amores
E tudo são flores!
Sou prisioneiro do itinerário
De guichê de restaurante,
De poltrona de cinema
E Sarau de Português
Um dia, cinco anos e algumas vidas passadas
O relógio já representa mais
Que a contagem cíclica do tempo
Amor não se conta.
Amor se vive
Eu vivo,
Nós vivemos.
[Outubro, 2008]
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Coisa di minino, né?
sábado, 4 de julho de 2009
Olhos
-Homem, que me viu a princípio com olhos avesso. Eu o conheço?
Ele a fitou com mistério e respondeu:
-Não. E desceu a rua devagar.
O BANDO
As cortinas se abrem. O canhão de luz ao centro. O som inicia a maquinar aos ouvidos culpados. Andam juntos, seus olhares mostram a conivência entre si. Movimentos tortos seguem em meio à maquiagem colada no rosto e esboçada pela pressa da rotina.
Todos seguem aleatoriamente a apontar de maneira grotesca a realidade cega pelo tempo rápido. A vida só pára quando algo realmente atropela o espelho. A dúvida paira pelo ar. Qual o assunto que mais lhe interessa? Além da vida in vitro feita nas coxas e vivida ás pressas? O homem sem entender, volta ao automático aplaudindo de pé. De resto, tudo se congela até que se fecham as cortinas.
sábado, 13 de junho de 2009
LAVRADOR OU SEMIDEUS
O coração espera
O segredo que o acelera
E não se congela.
Conte.
Mostre por onde seguir
Para chegar ao peito
No leito seu,
Na estrada que convém.
O seu imperfeito
É o meu mais-que-perfeito
Não cale o bem
Efeito amiúde
Seu.
Fases da Lua
(Adriana e Marisa)
As coisas não são como são. Há dias que passam, e as rotinas debruçadas em horas se perdem. A que devemos a transcendência? Eu mesmo não reconheço a capa e contracapa esboçada por sentidos incompletos, pensamentos surreais, razões improváveis e filosofias de botequim. Um mundo quebrado.
A que valem mentiras verdadeiras, verdades incorretas se não a de provar a si mesmo o quão foi e agora é. Basta fechar os poros e aceitar. Palpitar desoladamente o íntimo seu e nada mais.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
O meu próprio Trash
-Eu não o matei. Ele morreu sozinho.
Flores
Souvinil
Lembro dos dias que sempre podia ver a Flor, sempre à tarde. Do riso cometido sem motivo. Das palavras ditas e ouvidas sem precisão. O silêncio quebrado por um simples beijo.
Breve foi e nem vi partir. Logo a Flor da tarde caiu em desalento, vagarosamente desabrochando da rotina para torna-se Souvenil aquele que o amava.