quinta-feira, 24 de junho de 2010

Passeio


Não haverá um equívoco em tudo isso?
O que será em verdade transparência
Se a matéria que vê, é opacidade?
Nesta manhã sou e não sou minha paisagem
Terra e claridadese confundem
E o que me vê
Não sabe de si mesmo a sua imagem.
(...)
Hilda Hilst

Olhos de si mesmo


(Pode não fazer sentido, fosse o peso das palavras)

Pode não ter sono,
pode não ter sonho
Fosse insônia, ressaca ou desvario
toda a fervura de pensamentos.
Pode não ter canto,
pode não ser encanto
Fosse o jornal de notícias que não importam mais
toda espessura que se forma.
Pode não ser santo,
pode até mudar o manto
Fosse à reza que cansou
e nem poética ecoa mais.
Pode não ser brando,
pode faltar céu
Fosse à chuva
e tudo limitar-se ao quase.