quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Amor, pretérito-mais-que-perfeito

O novo disco de musicas de amor surgiu na estante. Antigas musicas. Todas repedidas muitas vezes, a mesma jura, o mesmo som. Inacreditável é ver que só agora fora possível entender a letra. Como medir o incalculável pretérito do pretérito e se chegar em um futuro mais-que-perfeito? Parece até que já sabíamos como acabaria. Anos correram e o que esperávamos era ouvir aquela música. Esquecermos de todos os maldizeres. Permanecer apenas com a promessa implícita seladas com palavras perdidas que nem lembro mais. E como ecoam as notas delas, valseando pelo ar. Enfim entraram em harmonia. Andares, olhares são mais do que rimas no dito meio verso. Foi-se o silêncio. Veio o que mais esperavam. Tudo isso porque eles ouviram neste exato momento...O novo disco de musicas de amor que surgiu na estante. Antigas musicas (...)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Roteiro de Escárnio

Parece mentira, mas o verbo foi-se goelas adentro. A pequena dose de veneno fora insuficiente para me alimentar, prover da fome de sua ausência. Gosto do funebre preto carvão. Não existe azul, rosa ou amarelo.

Mantive dois reféns com as mãos para o alto. Desabou-se muitos santos, rezas. Nada trouxe a chuva. Como queria acreditar numa mentira qualquer. Há diferença entre mentira e fantasia. Fantasia é a pura visão do ideal de uma realidade não acontecida. Já a mentira não, traiçoeira segue lenta, boca suja. Face negra da falta de verdade.

Distância sempre houve. A vontade mesmo era de bater na sua porta e entrar sem convite. Amor acontece mesmo, quebremos um pouco a etiqueta pomposa. "Sua boca anda oca, minha língua anda à míngua". Não, esquece. Já não penso nisso mais. Pelo menos assim acho que consigo.