De noite, senta-se e escreve num postal tudo. Apoiado pelos cotovelos pensa em achar aquilo que lhe foi perdido, havia tomado distância grande do pequeno mal que carregava. Distância, de si mesmo. Enganou-se. A imperfeição do que lhe parecia perfeito alojou-se em seus órgãos. Rins, fígado e coração.
Amor sem fim, cruel aquele que o tem. Tão puro e doce se o ver de fora. Indigesto em meio à ânsia de um sonho inútil. Disperso sem precisão. Não era a hora! Começou sozinho aquilo que devia ser feito a dois. Egoísta incompreendido.
Não havia como se defender. Fugir para longe é comprimir o que se tem diante da face e guardar no bolso. Bastasse o que já tinha. Aos seus olhos, tudo era preto e branco. Surpresa foi ver ao longe o cinza.
Estúpido sentimento. Complexo aos seus ouvidos. Pesado para levar nas mãos. E que o fez voltar em si e muitas vezes contradizer-se. Correr desconjuntado sem trajeto. Nada saía de seus punhos. Já não podia escrever. Selou, enviando sem destinatário a lugar algum.
O desejo o consumia ao poucos. Lentamente como um veneno fatal a circular pelas veias. O ritmo da respiração embala o canto sereno da morte. Seria mais um cadáver estirado contra parede, na confusão de seus próprios sentidos. Fazia frio. Morreu de amor.
"Tendo você em seus melhores momentos"
ResponderExcluirVocê escreve muito moço, tenho orgulho de
ler um blog que não si iguala a tantos amadores. O verdadeiro "amiguinho das palavras" você as tem por dentro.
te amo mes que sendo um sentimento cruél...
- Amor sem fim, cruel aquele que o tem.
Faltam palavras (...) forte, bonito e sofrido texto! O coração quando chora nos mostra a beleza escondida na tristeza da palavra, mas espero que a felicidade dele seja ainda mais bela!
ResponderExcluirBons ventos, voe sempre