sábado, 4 de julho de 2009

Olhos


O homem andava pela rua onde costumava passar todos os dias. Entre todas as coisas que via sob a calçada, os olhos encontram postes. O jornal expondo os crimes da cidade, a mulher enamorada a vitrine com apoio do vestido-manequim. Pessoas ao ponto de ônibus, a criança a comprar doce.
Seguia como de rotineiro, passos largos a assobiar na companhia de Marisa seus hinos da manhã. Abaixou para amarrar os sapatos. Voltou a andar. Olhou antes de atravessar, quando viu uma mulher bela na sacada de uma casa em ruína. Sem inocência, olhou-a com olhos de comer fotografia. Ela esboçou um sorriso para questionar:
-Homem, que me viu a princípio com olhos avesso. Eu o conheço?
Ele a fitou com mistério e respondeu:
-Não. E desceu a rua devagar.

O BANDO


As cortinas se abrem. O canhão de luz ao centro. O som inicia a maquinar aos ouvidos culpados. Andam juntos, seus olhares mostram a conivência entre si. Movimentos tortos seguem em meio à maquiagem colada no rosto e esboçada pela pressa da rotina.

Todos seguem aleatoriamente a apontar de maneira grotesca a realidade cega pelo tempo rápido. A vida só pára quando algo realmente atropela o espelho. A dúvida paira pelo ar. Qual o assunto que mais lhe interessa? Além da vida in vitro feita nas coxas e vivida ás pressas? O homem sem entender, volta ao automático aplaudindo de pé. De resto, tudo se congela até que se fecham as cortinas.